Crise econômica influencia o comportamento dos jovens profissionais, que fazem concessões por emprego
A recessão econômica obrigou a geração Y (também chamada geração do milênio ou millenials) a fazer concessões na busca por emprego - tais como salário, localização, benefícios e setor de atividade. Também tornou esses profissionais menos leais a seus empregadores. Estima-se que em 2020 a geração representará 50% da força de trabalho global. As conclusões são pesquisa global "Geração do milênio no emprego – Reformulando o ambiente de trabalho" da PwC.
A maioria desses profissionais, 72%, admite ter feito concessões para conquistar uma vaga em tempos de desemprego em alta. No entanto, tornou-os menos leais a seus empregadores. Dos que estão empregados, 38% estão procurando um novo posto e 43% estão abertos a propostas. Outro indicador dessa mudança é o fato de mais de um quarto dos entrevistados prever ter seis ou mais empregos ao longo da carreira, há três anos apenas 10% tinham essa perspectiva.
A pesquisa revela que, embora tenha provocado concessões em alguns aspectos, a crise acentuou outros atributos desses profissionais.
Outros aspectos da geração Y
1 - Considera a progressão na carreira como principal prioridade. Para 52% desses profissionais, a possibilidade de crescer rapidamente dentro da organização é o principal atrativo num empregador e para 44% é salário competitivo. Para ascenderem, 51% acham que feedbacks frequentes e estruturados são essenciais.
2 - É tecnológica. 41% preferem a comunicação eletrônica no trabalho em vez do contato pessoal ou mesmo por telefone. A maioria, 59%, considera o acesso a modernas tecnologias como um fator importante ao avaliar uma oportunidade de emprego e mais de três quartos acreditam que o acesso à tecnologia os torna mais eficazes. Por outro lado, a tecnologia é muitas vezes catalisadora do conflito entre gerações entre os mais dinâmicos e tecnológicos e os inflexíveis e desatualizados;
3 - Dá mais ênfase às necessidades pessoais do que às da organização e prioriza o aprendizado e o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal em detrimento de salário. O benefício que mais valorizam num empregador é a oportunidade de treinamento e desenvolvimento, seguido por horário de trabalho flexível e bônus em dinheiro. Apesar disso, 28% dizem que o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é pior do que esperavam antes de ser admitidos;
4 - Quer trabalhar em empresas que admira como consumidora. Em 2008, 88% procuravam empregadores com valores de responsabilidade social corporativa similares aos seus. Este índice caiu para 56% este ano, o que indica que parte da geração do milênio está disposta a abrir mão desse princípio por causa das dificuldades que vieram com a crise econômica);
5 - Deseja trabalhar no exterior. A experiência internacional é vital para a carreira, 71% dos respondentes desejam trabalhar em outro país em algum momento da carreira. O Brasil está entre os 20 destinos de intercâmbio mais citados;
6 - Vive um conflito de gerações. Apesar 76% se declarar confortável em trabalhar com profissionais de gerações anteriores e valorizar os mentores, há sinais de tensão: 38% dos jovens da geração do milênio afirmam que os membros mais velhos da alta direção não se relacionam com profissionais mais jovens. Integrar gerações deve ser, portanto, tarefa prioritária do RH.
Diversidade no trabalho
A geração do milênio valoriza e privilegia empregadores com reputação de igualdade e diversidade, mas a percepção de 55% desses profissionais é que na prática as oportunidades não são iguais ainda que "as empresas falem em diversidade". As mulheres se preocupam mais com a disparidade. Entre elas, 36% acreditam que homens e mulheres são igualmente tratados nas promoções, enquanto entre os homens 46% compartilha a mesma opinião.
Como liderá-los
A pesquisa revela que a geração do milênio deseja poder trabalhar da forma que mais lhe convém. Isso significa ter maior autonomia sobre onde, quando e como trabalham. Para 65% dos entrevistados ambientes com rígida hierarquia e práticas tradicionais e antiquadas limitam sua capacidade e produtividade. Eles esperam que as empresas os premiem por resultados e não pela quantidade de horas ou pela área em que trabalham e gostariam que os escritórios fossem lugares para reuniões em vez de local fixo de trabalho.
A pesquisa indica que existe uma lacuna entre o que esses futuros líderes esperam do empregador e o que almejam para sua carreira e o que encontram no ambiente de trabalho, mas também há fortes indicativos de como aproximar expectativas e recompensas para valorizar o talento e o dinamismo da geração que por muito tempo formará a maior parte da mão de obra disponível.